Logo nos primeiros meses após a partida de Frederico, sua família percebeu que a viagem de férias seria bem mais longa do que o esperado. A declaração de guerra mundial trouxe um sentimento enorme de desespero, tristeza e desamparo. Todos os dias buscavam por noticias e alimentavam a esperança do retorno do pai.
Ficou claro a todos, que as economias não seriam o bastante para mante-los por muito tempo, assim Wener e Erica, agora já formados, foram trabalhar.
Werner, estudante de contabilidade, conseguiu emprego na Siemens, onde sua fluência em alemão era muito considerada e nunca mais deixou a empresa.
Erica, entrou como aprendiz numa grande oficina de costura, a tradicional Casa Cisne e só saiu de la como contra mestre chefe.
Ruth, ainda com 9 anos, seguia com seus estudos e via na figura de Werner seu verdadeiro pai.
Muitos anos se passaram e a esperança de rever o pai, desaparecera.
Werner conheceu Mercedes.
Filha do meio de uma família de imigrantes espanhóis, ela era uma moça instruída e sua presença era notada facilmente. O relacionamento tornou-se mais sério e ambos resolveram não mais esperar pela volta de Frederico e marcaram casamento.
A família ainda participava de reuniões e festas da comunidade alemã, onde Erica conheceu vários rapazes e dentre eles, um em particular, que propôs namoro.
Nessa mesma época, a jovem Erica, mantinha uma rotina pesada de trabalho com poucas paradas para descanso, quando realizava rápidos lanches na padaria vizinha. Foi numa dessas tardes, que ela conheceu Jayme.
Apesar das diferenças sociais e educacionais entre os dois e da oposição da família dela, o namoro se concretizou. Ela sentia que tinha nascido para estar ao lado dele e nada iria separa-los. Jayme, por sua vez, via nitidamente todas essas diferenças e por isso sentia um ciumes doentio dela. Loira, instruída, independente, sua presença se destacava ao lado dele. Muitas vezes se sentiu humilhado pela família e dela, que o classificavam como inferior e não merecedor do amor de Erica.
Em meados de 1950, num dia normal de trabalho na oficina, Erica presenciou algo que jamais esqueceria em sua vida.
Uma funcionaria, que até então era vista como qualquer outra empregada normal, fez com que todas as máquinas parecem de trabalharem, apenas usando seus poderes mentais. Nesse momento profetizou algumas frases para algumas pessoas e se voltou para Erica e disse " ...a meia noite, minha máquina irá até sua casa....." . Após o incidente a moça perdeu os sentidos e todos ficaram chocados com o ocorrido.
Naquela noite, uma chuva torrencial lavava toda a cidade, mas mesmo assim, perto das 12 da noite, um mensageiro chamava insistentemente a porta.
Assustados, mas curiosos quanto a carta, todos ficaram perplexos quando leram que Frederico estava vivo e voltaria para casa, após 10 anos de ausência.
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O porque do blog
A ideia de criar esse blog era antiga, mas ganhou forca numa aula de inglês, aqui em Vancouver, quando uma professora lamentou não saber quase nada sobre sua família de imigrantes italianos.
Da mesma forma, lamentei saber pouco sobre meus familiares, também imigrantes, e me perguntei: " o que estou fazendo para que meus descendentes saibam um pouco da historia da nossa família ? ", " por que deixar que a historia seja contada aos meus netos, se posso escreve-la em detalhes? ".
Se você quiser saber um pouco sobre imigração, cultura, politica e sociedade desde o inicio do século XX, embarque nessa viagem. Seja bem-vindo.
Abraços
Da mesma forma, lamentei saber pouco sobre meus familiares, também imigrantes, e me perguntei: " o que estou fazendo para que meus descendentes saibam um pouco da historia da nossa família ? ", " por que deixar que a historia seja contada aos meus netos, se posso escreve-la em detalhes? ".
Se você quiser saber um pouco sobre imigração, cultura, politica e sociedade desde o inicio do século XX, embarque nessa viagem. Seja bem-vindo.
Abraços
quinta-feira, 13 de maio de 2010
quarta-feira, 12 de maio de 2010
Campo de Batalha
Em meados de 1939, comovido com o estado de saúde da mãe, já bem idosa, Frederico decide ir a Alemanha.
Contrariando todos os amigos e familiares, que achavam uma loucura a viagem num momento tão conturbado na Europa, ele embarca para aquela que seria uma prova de força e subrevivência para toda a sua família.
Logo após a chegada de Frederico, houve a invasão da Polónia pela Alemanha e ele pode ver que havia cometido um grave erro, que não seria fácil regressar a sua nova pátria e família. O violino que prometera a Erica, ficou pelo caminho. A aliança, escondida em baixo da linha, foi a única coisa que o acompanhou. A casa da mãe foi bombardeada e ele capturado pelo exercito alemão que o colocou em linha de frente.
Nunca havia segurado em uma arma em sua vida e tampouco sabia atirar. O primeiro tiro de fuzil resultou no arremesso da arma para trás e o usual "coice" no ombro de Frederico. A todo momento ele via o rosto do filho nos inimigos e rapidamente atirava para o alto.
Ele sabia que seria totalmente possível disso acontecer, já que Werner estava com 20 anos e o Brasil era da Base Inimiga da Alemanha. Não sei por quanto tempo ele sobreviveu na linha de frente ate ser capturado pelo exercito russo, mas foi tempo suficiente para presenciar os horrores da guerra e obter traumas que o acompanharam ate os fins dos seus dias.
A vida no campo de prisioneiros era terrível. Viveu por muito tempo comendo casca de batatas e a misera ração dada. Ouvia noticias vagas, histórias de vitórias e derrotas de ambos os lados, conheceu muita gente, fez amizades que ficaram perdidas em sua memória e buscava forças para sobreviver e voltar finalmente para sua amada família.
Contrariando todos os amigos e familiares, que achavam uma loucura a viagem num momento tão conturbado na Europa, ele embarca para aquela que seria uma prova de força e subrevivência para toda a sua família.
Logo após a chegada de Frederico, houve a invasão da Polónia pela Alemanha e ele pode ver que havia cometido um grave erro, que não seria fácil regressar a sua nova pátria e família. O violino que prometera a Erica, ficou pelo caminho. A aliança, escondida em baixo da linha, foi a única coisa que o acompanhou. A casa da mãe foi bombardeada e ele capturado pelo exercito alemão que o colocou em linha de frente.
Nunca havia segurado em uma arma em sua vida e tampouco sabia atirar. O primeiro tiro de fuzil resultou no arremesso da arma para trás e o usual "coice" no ombro de Frederico. A todo momento ele via o rosto do filho nos inimigos e rapidamente atirava para o alto.
Ele sabia que seria totalmente possível disso acontecer, já que Werner estava com 20 anos e o Brasil era da Base Inimiga da Alemanha. Não sei por quanto tempo ele sobreviveu na linha de frente ate ser capturado pelo exercito russo, mas foi tempo suficiente para presenciar os horrores da guerra e obter traumas que o acompanharam ate os fins dos seus dias.
A vida no campo de prisioneiros era terrível. Viveu por muito tempo comendo casca de batatas e a misera ração dada. Ouvia noticias vagas, histórias de vitórias e derrotas de ambos os lados, conheceu muita gente, fez amizades que ficaram perdidas em sua memória e buscava forças para sobreviver e voltar finalmente para sua amada família.
terça-feira, 11 de maio de 2010
A espera de um milagre
Quando criei o blog, pensei em postar em ordem cronológica dos fatos, mas não posso deixar passar o que esta me acontecendo nesses últimos dias e correr o risco de perder toda a emoção do momento.
Bem, vamos aos fatos.
As vésperas do Dia das Mães, mais precisamente a 5 dias atrás, estava eu conversando sobre como era iniciar um novo ciclo em minha vida. Fisicamente convencida que deixara para trás minha vida fértil, comentava sobre planos profissionais e de aposentadoria.
Foi quando comecei a sentir algo se movendo dentro de mim, algo estranho, não era dor, nem cólica, nem gases, era um movimento. Encarei como muscular e não dei atenção. Mas, o movimento se intensificou na manha do dia seguinte e eu precisava descobrir o que era. Nessa manha estava ajudando minha amiga Marcella, gravida de 3 meses, com sua mudança e ela também pode ver e sentir o que tentava descrever.
Nossas mãos e olhos nos diziam o que a mente e a razão tentavam negar. Parecia um movimento de gravidez. Ela me indicou um teste, um desses de farmácia e ficamos perplexas quando vimos POSITIVO. Dois dias depois, o médico também confirmou e deixamos o consultório, com inúmeras solicitacoes de exames e super, super, surpresos e felizes. Wagner e eu, estávamos grávidos.
Mas na mesma tarde, vimos nossa alegria se desfazer e a fé e esperança tomarem conta de nossos coracoes. Os médicos não conseguiram ouvir o coraçãozinho do bebe. Nos disseram para refazermos o ultrasom em 10 dias, porque o bebe era muito pequeno, de 5 a 6 semanas e talvez por isso não conseguiram identificar o ruído. Mas, também poderia ser que o bebe não mais estivesse vivo. O que ficou mesmo comprovado é que os movimentos sentidos e vistos por mim e por minha amiga, "jamais" poderiam ser do meu bebe, visto que ele era muito pequeno.
Saímos de la arrasados, mas a espera de um milagre. Corremos a Internet e nos agarramos a fatos e historias de pessoas que também passaram pelo mesmo problema e conseguiram ter uma gravidez saudável.
No domingo, os amigos Sandro e Micheli, tinham nos convidado para festejar o Dia das Mães numa igreja próxima, e acreditei que era uma otima oportunidade para agradecer e pedir por tudo que nos tinha acontecido nos últimos 3 dias. Foi muito duro estar ali e sentir toda aquela emoção, ainda mais quando o pastor disse que os trabalhos e preces da semana seriam para o tema "gravidez" .
Tenho 45 anos, e a precisos 45 anos atrás minha mãe me adoptou, quando ela também tinha 45 anos. Nos temos os mesmos nomes, somos homónimos. Só mais outra coincidencia?
Hoje, faz 4 dias que realizei o ultrason e fui surpreendida por um pouco de sangue, pela manha e minhas esperanças estão se desfazendo.
Não entendo porque Deus, ou o universo, ou seja la que forca maior foi, gastaria energia para me dar um bonito sinal, suficiente para me fazer mover e descobrir algo tão maravilhoso para depois tirar em poucos dias. Então, porque não me deixar na ignorância, pensando na minha nova fase de vida?
Acredito que tudo na vida seja um aprendizado e que eu tinha que sentir o peso e o valor da perda.
Essa semana devo voltar ao hospital para refazer o ultrasom e quem sabe os procedimentos de retirada do bebe. Não esta sendo fácil esses últimos dias, onde nos pudemos sentir os doces momentos de sermos mais uma vez pais e os tristes momentos de uma provável perda.
Bem, vamos aos fatos.
As vésperas do Dia das Mães, mais precisamente a 5 dias atrás, estava eu conversando sobre como era iniciar um novo ciclo em minha vida. Fisicamente convencida que deixara para trás minha vida fértil, comentava sobre planos profissionais e de aposentadoria.
Foi quando comecei a sentir algo se movendo dentro de mim, algo estranho, não era dor, nem cólica, nem gases, era um movimento. Encarei como muscular e não dei atenção. Mas, o movimento se intensificou na manha do dia seguinte e eu precisava descobrir o que era. Nessa manha estava ajudando minha amiga Marcella, gravida de 3 meses, com sua mudança e ela também pode ver e sentir o que tentava descrever.
Nossas mãos e olhos nos diziam o que a mente e a razão tentavam negar. Parecia um movimento de gravidez. Ela me indicou um teste, um desses de farmácia e ficamos perplexas quando vimos POSITIVO. Dois dias depois, o médico também confirmou e deixamos o consultório, com inúmeras solicitacoes de exames e super, super, surpresos e felizes. Wagner e eu, estávamos grávidos.
Mas na mesma tarde, vimos nossa alegria se desfazer e a fé e esperança tomarem conta de nossos coracoes. Os médicos não conseguiram ouvir o coraçãozinho do bebe. Nos disseram para refazermos o ultrasom em 10 dias, porque o bebe era muito pequeno, de 5 a 6 semanas e talvez por isso não conseguiram identificar o ruído. Mas, também poderia ser que o bebe não mais estivesse vivo. O que ficou mesmo comprovado é que os movimentos sentidos e vistos por mim e por minha amiga, "jamais" poderiam ser do meu bebe, visto que ele era muito pequeno.
Saímos de la arrasados, mas a espera de um milagre. Corremos a Internet e nos agarramos a fatos e historias de pessoas que também passaram pelo mesmo problema e conseguiram ter uma gravidez saudável.
No domingo, os amigos Sandro e Micheli, tinham nos convidado para festejar o Dia das Mães numa igreja próxima, e acreditei que era uma otima oportunidade para agradecer e pedir por tudo que nos tinha acontecido nos últimos 3 dias. Foi muito duro estar ali e sentir toda aquela emoção, ainda mais quando o pastor disse que os trabalhos e preces da semana seriam para o tema "gravidez" .
Tenho 45 anos, e a precisos 45 anos atrás minha mãe me adoptou, quando ela também tinha 45 anos. Nos temos os mesmos nomes, somos homónimos. Só mais outra coincidencia?
Hoje, faz 4 dias que realizei o ultrason e fui surpreendida por um pouco de sangue, pela manha e minhas esperanças estão se desfazendo.
Não entendo porque Deus, ou o universo, ou seja la que forca maior foi, gastaria energia para me dar um bonito sinal, suficiente para me fazer mover e descobrir algo tão maravilhoso para depois tirar em poucos dias. Então, porque não me deixar na ignorância, pensando na minha nova fase de vida?
Acredito que tudo na vida seja um aprendizado e que eu tinha que sentir o peso e o valor da perda.
Essa semana devo voltar ao hospital para refazer o ultrasom e quem sabe os procedimentos de retirada do bebe. Não esta sendo fácil esses últimos dias, onde nos pudemos sentir os doces momentos de sermos mais uma vez pais e os tristes momentos de uma provável perda.
terça-feira, 6 de abril de 2010
Do campo para a cidade
Dos 12 filhos de Joaquim, o jovem Jayme era o único filho que não gostava da vida no campo. Comunicativo, vaidoso e mulherengo, vivia sonhando com a vida na cidade grande.
Em 1940, já agora com 21 anos, decide que já era hora de colocar seus planos em prática. Despede-se dos pais e irmãos e embarca no ónibus para São Paulo, com 1 mala, dinheiro para se manter por um par de meses e muitos, muitos sonhos. Os pais desapontados com a escolha do filho, apostam no breve retorno.
Ao desembarcar, Jayme se vê encantado com o dinamismo e a agitação da cidade grande. Bondes, carros, pessoas por todos os lados, ele estava extasiado. Logo encontrou uma pensão, que passou a ser o seu novo lar.
Apesar da pouca educação, Jayme era uma pessoa que se destacava pela força de vontade de trabalhar e aprender. Cada dia, tinha mais e mais certeza que seu lugar era alí, na cidade, no mundo dos negócios.
Seu primeiro emprego foi numa padaria, trabalhava como auxiliar de padeiro. Cada dia era um aprendizado, aos poucos o dono percebeu que aquele jovem, tinha tino para os negócios e o chamava para negociar preços com fornecedores. Assim, pouco a pouco, foi aprendendo a dinâmica de como administrar.
O trabalho começava cedo, mas era bem mais fácil comparado ao da fazenda.
Nas horas de descanso costumava andar pelas ruas do centro, pela Rua Direita, Rua Santo Bento, Barão de Itapetininga. As vezes parava a porta da Leiteria Campo Belo ou da Confeitaria Vienense, somente para ver a sofisticação das mocas tomando chá, com seus casacos, chapéus e luvas.
A noite a cidade se tornava sinonimo de paquera, onde as mulheres faziam o percurso pelas calçadas da Barão de Itapetininga, Av. Ipiranga, 24 de Maio, D.José de Barros, e os homens ficavam postados no meio fio olhando o desfile, e esperando ser o escolhido para uma sessão de cinema. Quem ficava no trecho da Confeitaria Vienense tinha o privilégio de ficar ouvindo as músicas , geralmente uma orquestra de cordas, com um piano bem executado.
Em 1940, já agora com 21 anos, decide que já era hora de colocar seus planos em prática. Despede-se dos pais e irmãos e embarca no ónibus para São Paulo, com 1 mala, dinheiro para se manter por um par de meses e muitos, muitos sonhos. Os pais desapontados com a escolha do filho, apostam no breve retorno.
Ao desembarcar, Jayme se vê encantado com o dinamismo e a agitação da cidade grande. Bondes, carros, pessoas por todos os lados, ele estava extasiado. Logo encontrou uma pensão, que passou a ser o seu novo lar.
Apesar da pouca educação, Jayme era uma pessoa que se destacava pela força de vontade de trabalhar e aprender. Cada dia, tinha mais e mais certeza que seu lugar era alí, na cidade, no mundo dos negócios.
Seu primeiro emprego foi numa padaria, trabalhava como auxiliar de padeiro. Cada dia era um aprendizado, aos poucos o dono percebeu que aquele jovem, tinha tino para os negócios e o chamava para negociar preços com fornecedores. Assim, pouco a pouco, foi aprendendo a dinâmica de como administrar.
O trabalho começava cedo, mas era bem mais fácil comparado ao da fazenda.
Nas horas de descanso costumava andar pelas ruas do centro, pela Rua Direita, Rua Santo Bento, Barão de Itapetininga. As vezes parava a porta da Leiteria Campo Belo ou da Confeitaria Vienense, somente para ver a sofisticação das mocas tomando chá, com seus casacos, chapéus e luvas.
A noite a cidade se tornava sinonimo de paquera, onde as mulheres faziam o percurso pelas calçadas da Barão de Itapetininga, Av. Ipiranga, 24 de Maio, D.José de Barros, e os homens ficavam postados no meio fio olhando o desfile, e esperando ser o escolhido para uma sessão de cinema. Quem ficava no trecho da Confeitaria Vienense tinha o privilégio de ficar ouvindo as músicas , geralmente uma orquestra de cordas, com um piano bem executado.
O dia-a-dia em Sao Paulo ( 1915 - 1940 )
Frederico encontrou trabalho assim que chegou, numa grande gráfica, mas nunca abandonou a paixão pelo desenho.
Tiveram 3 filhos. Em 1919 nasceu Werner, em 1920 nasceu Erica e em 1931 Ruth.
Ele tentava dar o melhor padrão de vida para a familia, interagindo bem tanto com a comunidade alemã como com a local.

Os filhos estudavam no Colégio Benjamim Constant, na Vila Mariana, antigo Colégio Alemão, onde foram alfabetizados em português e alemão.
Tiveram 3 filhos. Em 1919 nasceu Werner, em 1920 nasceu Erica e em 1931 Ruth.
Ele tentava dar o melhor padrão de vida para a familia, interagindo bem tanto com a comunidade alemã como com a local.

Os filhos estudavam no Colégio Benjamim Constant, na Vila Mariana, antigo Colégio Alemão, onde foram alfabetizados em português e alemão.
Participavam de festas e eventos da comunidade e mantinham uma vida social ativa.

Lá ele pode desenvolver sua outra paixao: a natação. Teve a oportunidade de participar de diversas competições de natação no próprio rio Tiete, hoje completamente poluído, no centro da cidade de São Paulo.

De todos os filhos, Erica foi a que mais destaque teve na carreira esportiva. Ela chegou a representar o clube, ganhando muitas medalhes no arremesso de dardo e peso. Realmente ela era a estrela da familia, sendo suas conquistas notificadas em jornais e revistas da época.

Apesar de Frederico tentar manter sua vida semelhante a que tinham na Alemanha, era visivel a dificuldade de adaptação de Charlotte.
Tímida e falando o português com extrema dificuldade, Charlotte mantinha amizades com algumas familias alemães e poucos vizinhos.
A saudade dos pais, parentes e da vida cosmopolita, era enorme. Talvez pensasse secretamente em voltar, quando a Europa já não fosse um lugar tão inseguro.
quinta-feira, 25 de março de 2010
Comecando uma nova vida.
Tudo leva a crer que os recursos financeiros, trazidos por Frederico, eram mais do que suficientes para dar uma vida confortável a sua família, na São Paulo do inicio do século XX.
Assim que chegaram, ele comprou casa na Vila Mariana, bairro novo, onde a maioria dos moradores eram imigrantes europeus, como eles.
O bairro era provido de luz elétrica, mas o abastecimento de água, demorou alguns anos para chegar, sendo utilizado sistema próprio de água e esgoto, através de poços.
A Vila Mariana já era uma importante região pois ligava o centro de São Paulo com Santo Amaro.
Assim que chegaram, ele comprou casa na Vila Mariana, bairro novo, onde a maioria dos moradores eram imigrantes europeus, como eles.
O bairro era provido de luz elétrica, mas o abastecimento de água, demorou alguns anos para chegar, sendo utilizado sistema próprio de água e esgoto, através de poços.

Era servido de bondes elétricos abertos, que faziam a ligação entre o bairro e o centro de São Paulo.

A casa tinha 2 quartos grandes, sala, cozinha, sendo que o banheiro e a lavanderia ficavam na parte externa da casa, como era de costume na época.
O lote comprado era grande, fazia divisa com uma chácara, onde Charlotte podia comprar leite fresco, queijos, frutas e verduras.
Cuidar do jardim não era problema, mas o mato e árvores facilmente dominaram quase o restante da propriedade.
A rua não era asfaltada e a iluminação precária.
segunda-feira, 15 de março de 2010
O sertão brasileiro no inicio do século XX
Numa pequena cidade do Nordeste brasileiro, também no inicio do século XX, vivia Severino.
Filho de um modesto agricultor e descendente de holandeses, Severino cresceu ajudando seu pai na lavoura e com o gado.
O sertão brasileiro, mais particularmente o interior do Nordeste, passava por uma crise social sem precedentes durante o final do século XIX e o início do século XX.
O sertanejo se sentia abandonado pelas autoridades, isolado da civilização, e sofria com uma infra-estrutura que beneficiava os grandes proprietários das fazendas, os "coronéis", que se tornaram os donos do sertão. Eles protegiam e perseguiam, mandava e desmandavam. Na política, cometiam todo tipo de fraudes para beneficiar seus candidatos. Em seus territórios, dependendo da maior ou menor liderança, nada se fazia sem a sua determinação.
Era de se esperar, que alguns, indignados com essa situação, buscassem uma "saída" nos grupos de cangaceiros, que armados, faziam justiça pelas próprias mãos. Eles foram imediatamente classificados de "bandidos", pelas autoridades e pela elite sertaneja. Na realidade, eles estavam fora da lei, porque não se enquadravam dentro nas regras vigentes na região: obediência total aos grandes proprietários. Alguns fazendeiros de menor prestígio, para fugir dos desmandos dos "coronéis", faziam aliança com cangaceiros.
O cangaço foi um movimento contra o absolutismo dos coronéis, originado pela miséria, ignorância e violência que reinava numa estrutura latifundiaria obsoleta e injusta.
O pequeno agricultou, o trabalhador do campo, sonhava com um mundo diferente, onde não houvesse seca e onde, sobretudo, ninguém passasse fome.
Quando Severino propôs casamento a jovem Maria Angélica, o pai lhe deu um pedaço de terra, que se transformou no lar da nova família. Apesar da vida difícil, todos os 9 filhos do casal, cresceram na pequena cidade.
Filho de um modesto agricultor e descendente de holandeses, Severino cresceu ajudando seu pai na lavoura e com o gado.
O sertão brasileiro, mais particularmente o interior do Nordeste, passava por uma crise social sem precedentes durante o final do século XIX e o início do século XX.
O sertanejo se sentia abandonado pelas autoridades, isolado da civilização, e sofria com uma infra-estrutura que beneficiava os grandes proprietários das fazendas, os "coronéis", que se tornaram os donos do sertão. Eles protegiam e perseguiam, mandava e desmandavam. Na política, cometiam todo tipo de fraudes para beneficiar seus candidatos. Em seus territórios, dependendo da maior ou menor liderança, nada se fazia sem a sua determinação.
Era de se esperar, que alguns, indignados com essa situação, buscassem uma "saída" nos grupos de cangaceiros, que armados, faziam justiça pelas próprias mãos. Eles foram imediatamente classificados de "bandidos", pelas autoridades e pela elite sertaneja. Na realidade, eles estavam fora da lei, porque não se enquadravam dentro nas regras vigentes na região: obediência total aos grandes proprietários. Alguns fazendeiros de menor prestígio, para fugir dos desmandos dos "coronéis", faziam aliança com cangaceiros.
O cangaço foi um movimento contra o absolutismo dos coronéis, originado pela miséria, ignorância e violência que reinava numa estrutura latifundiaria obsoleta e injusta.
O pequeno agricultou, o trabalhador do campo, sonhava com um mundo diferente, onde não houvesse seca e onde, sobretudo, ninguém passasse fome.
Quando Severino propôs casamento a jovem Maria Angélica, o pai lhe deu um pedaço de terra, que se transformou no lar da nova família. Apesar da vida difícil, todos os 9 filhos do casal, cresceram na pequena cidade.

Começo do século XX em Minas Gerais

Nessa mesma época, numa pequena cidade ao sul de Minas Gerais, vivia Joaquim.
Filho único de um grande fazendeiro português, cresceu convivendo com os escravos do pai e com as tarefas do campo.
Apesar da abolição da escravatura ter sido assinada no Brasil em 13 de maio de 1888, a fazenda ainda funcionava inteiramente com a mão-de-obra de ex-escravos que continuavam a viver ali.
O pai sonhava em casar o filho com uma jovem herdeira da região e o preparava para assumir seus negócios.
Então, podemos imaginar o desapontamento que foi, quando Joaquim propôs casamento a uma bela jovem mulata, filha de uma ex-escrava e de um fazendeiro da região.
Contrariando a todos, o casamento foi consumado e Joaquim e Francisca Leocardia tiveram 12 filhos.
Sempre viveram na fazenda, mesmo depois da morte do pai de Joaquim. Os filhos receberam a mesma educacao recebida por Joaquim, liam e escreviam o basico para tocar os negocios da fazenda.
Filho único de um grande fazendeiro português, cresceu convivendo com os escravos do pai e com as tarefas do campo.
Apesar da abolição da escravatura ter sido assinada no Brasil em 13 de maio de 1888, a fazenda ainda funcionava inteiramente com a mão-de-obra de ex-escravos que continuavam a viver ali.
O pai sonhava em casar o filho com uma jovem herdeira da região e o preparava para assumir seus negócios.
Então, podemos imaginar o desapontamento que foi, quando Joaquim propôs casamento a uma bela jovem mulata, filha de uma ex-escrava e de um fazendeiro da região.
Contrariando a todos, o casamento foi consumado e Joaquim e Francisca Leocardia tiveram 12 filhos.
Sempre viveram na fazenda, mesmo depois da morte do pai de Joaquim. Os filhos receberam a mesma educacao recebida por Joaquim, liam e escreviam o basico para tocar os negocios da fazenda.
Fugindo da 1a. Guerra Mundial
Em meados de 1915, o jovem Friedrich, nascido em Wroclaw (Breslau em alemão) na Polónia, era um promissor desenhista, que causava boa impressão por sua educação e carisma.
Ele estava apaixonado pela jovem e reservada Charlotte, nascida em Berlin.
Friedrich pensava em propor casamento a Charlotte, mas a Europa nessa época, era um campo de batalha em meio a 1ª. Guerra Mundial, longe de ser um lugar seguro para se iniciar uma nova família. Ele tinha ouvido historias de famílias que imigraram para países do “novo continente”, a América e ficou interessado. A Alemanha participava da Tríplice Aliança e estava em guerra contra os países da Tríplice Entente, entre eles os Estados Unidos. Assim, era evidente que eles não poderiam ir para norte América.
Muitos comentavam sobre um pais, ao sul, que não se envolveu na guerra e que estava aceitando imigrantes, o Brasil.
Assim, reuniu as informações e economias necessárias, falou com seus pais e tomou coragem para falar com a família de Charlotte.
Não foi difícil convence-los de que seria a melhor solução.
Casaram-se e asseguraram seus lugares no navio.

O navio era grande, mas estava super lotado de famílias e sonhos de uma vida melhor.
Eles sabiam pouco sobre o novo pais, mas ele tinha alguns contatos na cidade de São Paulo, onde pretendia se estabelecer.
Foto: navio a vapor ancorado no Porto de Santos/SP - inicio seculo XX
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