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O porque do blog

A ideia de criar esse blog era antiga, mas ganhou forca numa aula de inglês, aqui em Vancouver, quando uma professora lamentou não saber quase nada sobre sua família de imigrantes italianos.

Da mesma forma, lamentei saber pouco sobre meus familiares, também imigrantes, e me perguntei: " o que estou fazendo para que meus descendentes saibam um pouco da historia da nossa família ? ", " por que deixar que a historia seja contada aos meus netos, se posso escreve-la em detalhes? ".

Se você quiser saber um pouco sobre imigração, cultura, politica e sociedade desde o inicio do século XX, embarque nessa viagem. Seja bem-vindo.

Abraços

quinta-feira, 25 de março de 2010

Comecando uma nova vida.

Tudo leva a crer que os recursos financeiros, trazidos por Frederico, eram mais do que suficientes para dar uma vida confortável a sua família, na São Paulo do inicio do século XX.

Assim que chegaram, ele comprou casa na Vila Mariana, bairro novo, onde a maioria dos moradores eram imigrantes europeus, como eles.

O bairro era provido de luz elétrica, mas o abastecimento de água, demorou alguns anos para chegar, sendo utilizado sistema próprio de água e esgoto, através de poços.


A Vila Mariana já era uma importante região pois ligava o centro de São Paulo com Santo Amaro.

Era servido de bondes elétricos abertos, que faziam a ligação entre o bairro e o centro de São Paulo.

A casa tinha 2 quartos grandes, sala, cozinha, sendo que o banheiro e a lavanderia ficavam na parte externa da casa, como era de costume na época.

O lote comprado era grande, fazia divisa com uma chácara, onde Charlotte podia comprar leite fresco, queijos, frutas e verduras.

Cuidar do jardim não era problema, mas o mato e árvores facilmente dominaram quase o restante da propriedade.

A rua não era asfaltada e a iluminação precária.

segunda-feira, 15 de março de 2010

O sertão brasileiro no inicio do século XX

Numa pequena cidade do Nordeste brasileiro, também no inicio do século XX, vivia Severino.
Filho de um modesto agricultor e descendente de holandeses, Severino cresceu ajudando seu pai na lavoura e com o gado.

O sertão brasileiro, mais particularmente o interior do Nordeste, passava por uma crise social sem precedentes durante o final do século XIX e o início do século XX.

O sertanejo se sentia abandonado pelas autoridades, isolado da civilização, e sofria com uma infra-estrutura que beneficiava os grandes proprietários das fazendas, os "coronéis", que se tornaram os donos do sertão. Eles protegiam e perseguiam, mandava e desmandavam. Na política, cometiam todo tipo de fraudes para beneficiar seus candidatos. Em seus territórios, dependendo da maior ou menor liderança, nada se fazia sem a sua determinação.

Era de se esperar, que alguns, indignados com essa situação, buscassem uma "saída" nos grupos de cangaceiros, que armados, faziam justiça pelas próprias mãos. Eles foram imediatamente classificados de "bandidos", pelas autoridades e pela elite sertaneja. Na realidade, eles estavam fora da lei, porque não se enquadravam dentro nas regras vigentes na região: obediência total aos grandes proprietários. Alguns fazendeiros de menor prestígio, para fugir dos desmandos dos "coronéis", faziam aliança com cangaceiros.

O cangaço foi um movimento contra o absolutismo dos coronéis, originado pela miséria, ignorância e violência que reinava numa estrutura latifundiaria obsoleta e injusta.

O pequeno agricultou, o trabalhador do campo, sonhava com um mundo diferente, onde não houvesse seca e onde, sobretudo, ninguém passasse fome.

Quando Severino propôs casamento a jovem Maria Angélica, o pai lhe deu um pedaço de terra, que se transformou no lar da nova família. Apesar da vida difícil, todos os 9 filhos do casal, cresceram na pequena cidade.
Foto de Lampiao e Maria Bonita, os mais famosos cangaceiros do sertao nordestino - inicio seculo XX

Começo do século XX em Minas Gerais


Nessa mesma época, numa pequena cidade ao sul de Minas Gerais, vivia Joaquim.

Filho único de um grande fazendeiro português, cresceu convivendo com os escravos do pai e com as tarefas do campo.

Apesar da abolição da escravatura ter sido assinada no Brasil em 13 de maio de 1888, a fazenda ainda funcionava inteiramente com a mão-de-obra de ex-escravos que continuavam a viver ali.

O pai sonhava em casar o filho com uma jovem herdeira da região e o preparava para assumir seus negócios.
Então, podemos imaginar o desapontamento que foi, quando Joaquim propôs casamento a uma bela jovem mulata, filha de uma ex-escrava e de um fazendeiro da região.

Contrariando a todos, o casamento foi consumado e Joaquim e Francisca Leocardia tiveram 12 filhos.

Sempre viveram na fazenda, mesmo depois da morte do pai de Joaquim. Os filhos receberam a mesma educacao recebida por Joaquim, liam e escreviam o basico para tocar os negocios da fazenda.

Fugindo da 1a. Guerra Mundial

Em meados de 1915, o jovem Friedrich, nascido em Wroclaw (Breslau em alemão) na Polónia, era um promissor desenhista, que causava boa impressão por sua educação e carisma.

Ele estava apaixonado pela jovem e reservada Charlotte, nascida em Berlin.

Friedrich pensava em propor casamento a Charlotte, mas a Europa nessa época, era um campo de batalha em meio a 1ª. Guerra Mundial, longe de ser um lugar seguro para se iniciar uma nova família. Ele tinha ouvido historias de famílias que imigraram para países do “novo continente”, a América e ficou interessado. A Alemanha participava da Tríplice Aliança e estava em guerra contra os países da Tríplice Entente, entre eles os Estados Unidos. Assim, era evidente que eles não poderiam ir para norte América.

Muitos comentavam sobre um pais, ao sul, que não se envolveu na guerra e que estava aceitando imigrantes, o Brasil.



Assim, reuniu as informações e economias necessárias, falou com seus pais e tomou coragem para falar com a família de Charlotte.

Não foi difícil convence-los de que seria a melhor solução.

Casaram-se e asseguraram seus lugares no navio.



A viagem era longa, poderia durar de 3 a 4 meses, o destino era o Porto de Santos e Friedrich aproveitava para estudar o português.
O navio era grande, mas estava super lotado de famílias e sonhos de uma vida melhor.
Eles sabiam pouco sobre o novo pais, mas ele tinha alguns contatos na cidade de São Paulo, onde pretendia se estabelecer.
Foto: navio a vapor ancorado no Porto de Santos/SP - inicio seculo XX