Logo nos primeiros meses após a partida de Frederico, sua família percebeu que a viagem de férias seria bem mais longa do que o esperado. A declaração de guerra mundial trouxe um sentimento enorme de desespero, tristeza e desamparo. Todos os dias buscavam por noticias e alimentavam a esperança do retorno do pai.
Ficou claro a todos, que as economias não seriam o bastante para mante-los por muito tempo, assim Wener e Erica, agora já formados, foram trabalhar.
Werner, estudante de contabilidade, conseguiu emprego na Siemens, onde sua fluência em alemão era muito considerada e nunca mais deixou a empresa.
Erica, entrou como aprendiz numa grande oficina de costura, a tradicional Casa Cisne e só saiu de la como contra mestre chefe.
Ruth, ainda com 9 anos, seguia com seus estudos e via na figura de Werner seu verdadeiro pai.
Muitos anos se passaram e a esperança de rever o pai, desaparecera.
Werner conheceu Mercedes.
Filha do meio de uma família de imigrantes espanhóis, ela era uma moça instruída e sua presença era notada facilmente. O relacionamento tornou-se mais sério e ambos resolveram não mais esperar pela volta de Frederico e marcaram casamento.
A família ainda participava de reuniões e festas da comunidade alemã, onde Erica conheceu vários rapazes e dentre eles, um em particular, que propôs namoro.
Nessa mesma época, a jovem Erica, mantinha uma rotina pesada de trabalho com poucas paradas para descanso, quando realizava rápidos lanches na padaria vizinha. Foi numa dessas tardes, que ela conheceu Jayme.
Apesar das diferenças sociais e educacionais entre os dois e da oposição da família dela, o namoro se concretizou. Ela sentia que tinha nascido para estar ao lado dele e nada iria separa-los. Jayme, por sua vez, via nitidamente todas essas diferenças e por isso sentia um ciumes doentio dela. Loira, instruída, independente, sua presença se destacava ao lado dele. Muitas vezes se sentiu humilhado pela família e dela, que o classificavam como inferior e não merecedor do amor de Erica.
Em meados de 1950, num dia normal de trabalho na oficina, Erica presenciou algo que jamais esqueceria em sua vida.
Uma funcionaria, que até então era vista como qualquer outra empregada normal, fez com que todas as máquinas parecem de trabalharem, apenas usando seus poderes mentais. Nesse momento profetizou algumas frases para algumas pessoas e se voltou para Erica e disse " ...a meia noite, minha máquina irá até sua casa....." . Após o incidente a moça perdeu os sentidos e todos ficaram chocados com o ocorrido.
Naquela noite, uma chuva torrencial lavava toda a cidade, mas mesmo assim, perto das 12 da noite, um mensageiro chamava insistentemente a porta.
Assustados, mas curiosos quanto a carta, todos ficaram perplexos quando leram que Frederico estava vivo e voltaria para casa, após 10 anos de ausência.
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O porque do blog
A ideia de criar esse blog era antiga, mas ganhou forca numa aula de inglês, aqui em Vancouver, quando uma professora lamentou não saber quase nada sobre sua família de imigrantes italianos.
Da mesma forma, lamentei saber pouco sobre meus familiares, também imigrantes, e me perguntei: " o que estou fazendo para que meus descendentes saibam um pouco da historia da nossa família ? ", " por que deixar que a historia seja contada aos meus netos, se posso escreve-la em detalhes? ".
Se você quiser saber um pouco sobre imigração, cultura, politica e sociedade desde o inicio do século XX, embarque nessa viagem. Seja bem-vindo.
Abraços
Da mesma forma, lamentei saber pouco sobre meus familiares, também imigrantes, e me perguntei: " o que estou fazendo para que meus descendentes saibam um pouco da historia da nossa família ? ", " por que deixar que a historia seja contada aos meus netos, se posso escreve-la em detalhes? ".
Se você quiser saber um pouco sobre imigração, cultura, politica e sociedade desde o inicio do século XX, embarque nessa viagem. Seja bem-vindo.
Abraços
quinta-feira, 13 de maio de 2010
quarta-feira, 12 de maio de 2010
Campo de Batalha
Em meados de 1939, comovido com o estado de saúde da mãe, já bem idosa, Frederico decide ir a Alemanha.
Contrariando todos os amigos e familiares, que achavam uma loucura a viagem num momento tão conturbado na Europa, ele embarca para aquela que seria uma prova de força e subrevivência para toda a sua família.
Logo após a chegada de Frederico, houve a invasão da Polónia pela Alemanha e ele pode ver que havia cometido um grave erro, que não seria fácil regressar a sua nova pátria e família. O violino que prometera a Erica, ficou pelo caminho. A aliança, escondida em baixo da linha, foi a única coisa que o acompanhou. A casa da mãe foi bombardeada e ele capturado pelo exercito alemão que o colocou em linha de frente.
Nunca havia segurado em uma arma em sua vida e tampouco sabia atirar. O primeiro tiro de fuzil resultou no arremesso da arma para trás e o usual "coice" no ombro de Frederico. A todo momento ele via o rosto do filho nos inimigos e rapidamente atirava para o alto.
Ele sabia que seria totalmente possível disso acontecer, já que Werner estava com 20 anos e o Brasil era da Base Inimiga da Alemanha. Não sei por quanto tempo ele sobreviveu na linha de frente ate ser capturado pelo exercito russo, mas foi tempo suficiente para presenciar os horrores da guerra e obter traumas que o acompanharam ate os fins dos seus dias.
A vida no campo de prisioneiros era terrível. Viveu por muito tempo comendo casca de batatas e a misera ração dada. Ouvia noticias vagas, histórias de vitórias e derrotas de ambos os lados, conheceu muita gente, fez amizades que ficaram perdidas em sua memória e buscava forças para sobreviver e voltar finalmente para sua amada família.
Contrariando todos os amigos e familiares, que achavam uma loucura a viagem num momento tão conturbado na Europa, ele embarca para aquela que seria uma prova de força e subrevivência para toda a sua família.
Logo após a chegada de Frederico, houve a invasão da Polónia pela Alemanha e ele pode ver que havia cometido um grave erro, que não seria fácil regressar a sua nova pátria e família. O violino que prometera a Erica, ficou pelo caminho. A aliança, escondida em baixo da linha, foi a única coisa que o acompanhou. A casa da mãe foi bombardeada e ele capturado pelo exercito alemão que o colocou em linha de frente.
Nunca havia segurado em uma arma em sua vida e tampouco sabia atirar. O primeiro tiro de fuzil resultou no arremesso da arma para trás e o usual "coice" no ombro de Frederico. A todo momento ele via o rosto do filho nos inimigos e rapidamente atirava para o alto.
Ele sabia que seria totalmente possível disso acontecer, já que Werner estava com 20 anos e o Brasil era da Base Inimiga da Alemanha. Não sei por quanto tempo ele sobreviveu na linha de frente ate ser capturado pelo exercito russo, mas foi tempo suficiente para presenciar os horrores da guerra e obter traumas que o acompanharam ate os fins dos seus dias.
A vida no campo de prisioneiros era terrível. Viveu por muito tempo comendo casca de batatas e a misera ração dada. Ouvia noticias vagas, histórias de vitórias e derrotas de ambos os lados, conheceu muita gente, fez amizades que ficaram perdidas em sua memória e buscava forças para sobreviver e voltar finalmente para sua amada família.
terça-feira, 11 de maio de 2010
A espera de um milagre
Quando criei o blog, pensei em postar em ordem cronológica dos fatos, mas não posso deixar passar o que esta me acontecendo nesses últimos dias e correr o risco de perder toda a emoção do momento.
Bem, vamos aos fatos.
As vésperas do Dia das Mães, mais precisamente a 5 dias atrás, estava eu conversando sobre como era iniciar um novo ciclo em minha vida. Fisicamente convencida que deixara para trás minha vida fértil, comentava sobre planos profissionais e de aposentadoria.
Foi quando comecei a sentir algo se movendo dentro de mim, algo estranho, não era dor, nem cólica, nem gases, era um movimento. Encarei como muscular e não dei atenção. Mas, o movimento se intensificou na manha do dia seguinte e eu precisava descobrir o que era. Nessa manha estava ajudando minha amiga Marcella, gravida de 3 meses, com sua mudança e ela também pode ver e sentir o que tentava descrever.
Nossas mãos e olhos nos diziam o que a mente e a razão tentavam negar. Parecia um movimento de gravidez. Ela me indicou um teste, um desses de farmácia e ficamos perplexas quando vimos POSITIVO. Dois dias depois, o médico também confirmou e deixamos o consultório, com inúmeras solicitacoes de exames e super, super, surpresos e felizes. Wagner e eu, estávamos grávidos.
Mas na mesma tarde, vimos nossa alegria se desfazer e a fé e esperança tomarem conta de nossos coracoes. Os médicos não conseguiram ouvir o coraçãozinho do bebe. Nos disseram para refazermos o ultrasom em 10 dias, porque o bebe era muito pequeno, de 5 a 6 semanas e talvez por isso não conseguiram identificar o ruído. Mas, também poderia ser que o bebe não mais estivesse vivo. O que ficou mesmo comprovado é que os movimentos sentidos e vistos por mim e por minha amiga, "jamais" poderiam ser do meu bebe, visto que ele era muito pequeno.
Saímos de la arrasados, mas a espera de um milagre. Corremos a Internet e nos agarramos a fatos e historias de pessoas que também passaram pelo mesmo problema e conseguiram ter uma gravidez saudável.
No domingo, os amigos Sandro e Micheli, tinham nos convidado para festejar o Dia das Mães numa igreja próxima, e acreditei que era uma otima oportunidade para agradecer e pedir por tudo que nos tinha acontecido nos últimos 3 dias. Foi muito duro estar ali e sentir toda aquela emoção, ainda mais quando o pastor disse que os trabalhos e preces da semana seriam para o tema "gravidez" .
Tenho 45 anos, e a precisos 45 anos atrás minha mãe me adoptou, quando ela também tinha 45 anos. Nos temos os mesmos nomes, somos homónimos. Só mais outra coincidencia?
Hoje, faz 4 dias que realizei o ultrason e fui surpreendida por um pouco de sangue, pela manha e minhas esperanças estão se desfazendo.
Não entendo porque Deus, ou o universo, ou seja la que forca maior foi, gastaria energia para me dar um bonito sinal, suficiente para me fazer mover e descobrir algo tão maravilhoso para depois tirar em poucos dias. Então, porque não me deixar na ignorância, pensando na minha nova fase de vida?
Acredito que tudo na vida seja um aprendizado e que eu tinha que sentir o peso e o valor da perda.
Essa semana devo voltar ao hospital para refazer o ultrasom e quem sabe os procedimentos de retirada do bebe. Não esta sendo fácil esses últimos dias, onde nos pudemos sentir os doces momentos de sermos mais uma vez pais e os tristes momentos de uma provável perda.
Bem, vamos aos fatos.
As vésperas do Dia das Mães, mais precisamente a 5 dias atrás, estava eu conversando sobre como era iniciar um novo ciclo em minha vida. Fisicamente convencida que deixara para trás minha vida fértil, comentava sobre planos profissionais e de aposentadoria.
Foi quando comecei a sentir algo se movendo dentro de mim, algo estranho, não era dor, nem cólica, nem gases, era um movimento. Encarei como muscular e não dei atenção. Mas, o movimento se intensificou na manha do dia seguinte e eu precisava descobrir o que era. Nessa manha estava ajudando minha amiga Marcella, gravida de 3 meses, com sua mudança e ela também pode ver e sentir o que tentava descrever.
Nossas mãos e olhos nos diziam o que a mente e a razão tentavam negar. Parecia um movimento de gravidez. Ela me indicou um teste, um desses de farmácia e ficamos perplexas quando vimos POSITIVO. Dois dias depois, o médico também confirmou e deixamos o consultório, com inúmeras solicitacoes de exames e super, super, surpresos e felizes. Wagner e eu, estávamos grávidos.
Mas na mesma tarde, vimos nossa alegria se desfazer e a fé e esperança tomarem conta de nossos coracoes. Os médicos não conseguiram ouvir o coraçãozinho do bebe. Nos disseram para refazermos o ultrasom em 10 dias, porque o bebe era muito pequeno, de 5 a 6 semanas e talvez por isso não conseguiram identificar o ruído. Mas, também poderia ser que o bebe não mais estivesse vivo. O que ficou mesmo comprovado é que os movimentos sentidos e vistos por mim e por minha amiga, "jamais" poderiam ser do meu bebe, visto que ele era muito pequeno.
Saímos de la arrasados, mas a espera de um milagre. Corremos a Internet e nos agarramos a fatos e historias de pessoas que também passaram pelo mesmo problema e conseguiram ter uma gravidez saudável.
No domingo, os amigos Sandro e Micheli, tinham nos convidado para festejar o Dia das Mães numa igreja próxima, e acreditei que era uma otima oportunidade para agradecer e pedir por tudo que nos tinha acontecido nos últimos 3 dias. Foi muito duro estar ali e sentir toda aquela emoção, ainda mais quando o pastor disse que os trabalhos e preces da semana seriam para o tema "gravidez" .
Tenho 45 anos, e a precisos 45 anos atrás minha mãe me adoptou, quando ela também tinha 45 anos. Nos temos os mesmos nomes, somos homónimos. Só mais outra coincidencia?
Hoje, faz 4 dias que realizei o ultrason e fui surpreendida por um pouco de sangue, pela manha e minhas esperanças estão se desfazendo.
Não entendo porque Deus, ou o universo, ou seja la que forca maior foi, gastaria energia para me dar um bonito sinal, suficiente para me fazer mover e descobrir algo tão maravilhoso para depois tirar em poucos dias. Então, porque não me deixar na ignorância, pensando na minha nova fase de vida?
Acredito que tudo na vida seja um aprendizado e que eu tinha que sentir o peso e o valor da perda.
Essa semana devo voltar ao hospital para refazer o ultrasom e quem sabe os procedimentos de retirada do bebe. Não esta sendo fácil esses últimos dias, onde nos pudemos sentir os doces momentos de sermos mais uma vez pais e os tristes momentos de uma provável perda.
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