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O porque do blog

A ideia de criar esse blog era antiga, mas ganhou forca numa aula de inglês, aqui em Vancouver, quando uma professora lamentou não saber quase nada sobre sua família de imigrantes italianos.

Da mesma forma, lamentei saber pouco sobre meus familiares, também imigrantes, e me perguntei: " o que estou fazendo para que meus descendentes saibam um pouco da historia da nossa família ? ", " por que deixar que a historia seja contada aos meus netos, se posso escreve-la em detalhes? ".

Se você quiser saber um pouco sobre imigração, cultura, politica e sociedade desde o inicio do século XX, embarque nessa viagem. Seja bem-vindo.

Abraços

terça-feira, 6 de abril de 2010

Do campo para a cidade

Dos 12 filhos de Joaquim, o jovem Jayme era o único filho que não gostava da vida no campo. Comunicativo, vaidoso e mulherengo, vivia sonhando com a vida na cidade grande.

Em 1940, já agora com 21 anos, decide que já era hora de colocar seus planos em prática. Despede-se dos pais e irmãos e embarca no ónibus para São Paulo, com 1 mala, dinheiro para se manter por um par de meses e muitos, muitos sonhos. Os pais desapontados com a escolha do filho, apostam no breve retorno.

Ao desembarcar, Jayme se vê encantado com o dinamismo e a agitação da cidade grande. Bondes, carros, pessoas por todos os lados, ele estava extasiado. Logo encontrou uma pensão, que passou a ser o seu novo lar.

Apesar da pouca educação, Jayme era uma pessoa que se destacava pela força de vontade de trabalhar e aprender. Cada dia, tinha mais e mais certeza que seu lugar era alí, na cidade, no mundo dos negócios.

Seu primeiro emprego foi numa padaria, trabalhava como auxiliar de padeiro. Cada dia era um aprendizado, aos poucos o dono percebeu que aquele jovem, tinha tino para os negócios e o chamava para negociar preços com fornecedores. Assim, pouco a pouco, foi aprendendo a dinâmica de como administrar.

O trabalho começava cedo, mas era bem mais fácil comparado ao da fazenda.

Nas horas de descanso costumava andar pelas ruas do centro, pela Rua Direita, Rua Santo Bento, Barão de Itapetininga. As vezes parava a porta da Leiteria Campo Belo ou da Confeitaria Vienense, somente para ver a sofisticação das mocas tomando chá, com seus casacos, chapéus e luvas.

A noite a cidade se tornava sinonimo de paquera, onde as mulheres faziam o percurso pelas calçadas da Barão de Itapetininga, Av. Ipiranga, 24 de Maio, D.José de Barros, e os homens ficavam postados no meio fio olhando o desfile, e esperando ser o escolhido para uma sessão de cinema. Quem ficava no trecho da Confeitaria Vienense tinha o privilégio de ficar ouvindo as músicas , geralmente uma orquestra de cordas, com um piano bem executado.

O dia-a-dia em Sao Paulo ( 1915 - 1940 )

Frederico encontrou trabalho assim que chegou, numa grande gráfica, mas nunca abandonou a paixão pelo desenho.

Tiveram 3 filhos. Em 1919 nasceu Werner, em 1920 nasceu Erica e em 1931 Ruth.

Ele tentava dar o melhor padrão de vida para a familia, interagindo bem tanto com a comunidade alemã como com a local.









Os filhos estudavam no Colégio Benjamim Constant, na Vila Mariana, antigo Colégio Alemão, onde foram alfabetizados em português e alemão.





Participavam de festas e eventos da comunidade e mantinham uma vida social ativa.

Frederico sempre considerou importante a prática de esportes e associou-se ao Clube de Regatas Tiete, zona centro norte da cidade, as margens do rio Tiete.
Lá ele pode desenvolver sua outra paixao: a natação. Teve a oportunidade de participar de diversas competições de natação no próprio rio Tiete, hoje completamente poluído, no centro da cidade de São Paulo.



De todos os filhos, Erica foi a que mais destaque teve na carreira esportiva. Ela chegou a representar o clube, ganhando muitas medalhes no arremesso de dardo e peso. Realmente ela era a estrela da familia, sendo suas conquistas notificadas em jornais e revistas da época.




Apesar de Frederico tentar manter sua vida semelhante a que tinham na Alemanha, era visivel a dificuldade de adaptação de Charlotte.

Tímida e falando o português com extrema dificuldade, Charlotte mantinha amizades com algumas familias alemães e poucos vizinhos.

A saudade dos pais, parentes e da vida cosmopolita, era enorme. Talvez pensasse secretamente em voltar, quando a Europa já não fosse um lugar tão inseguro.